quarta-feira, 10 de junho de 2009

Falta de organização marca a 2ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Velocidade na Terra


É com profundo sentimento de frustração que gostaria de relatar alguns dos piores momentos presenciados por mim e minha equipe em uma competição de Velocidade na Terra.

Refiro-me a 2ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Velocidade na Terra de 2009, realizada na cidade de Tangará da Serra/MT.

1 – Sexta-feira a maioria das equipes estavam no autódromo já no período da manha, assim como a minha também, acreditando que a partir das 13:00 horas, teríamos treinos livres, como sempre aconteceu nas etapas anteriores. Faz parte da programação do evento.

Porem tivemos somente um treino livre para cada categoria, porque o atraso dos dirigentes não permitiu liberarem a pista antes. (se por acaso eu, simples piloto, ligasse para um dirigente às 15 horas, pedindo para que a programação do evento fosse adiada por um atraso particular meu. Será que eu seria atendido???)

2 – Ameaça de desclassificação do meu carro na tomada de tempo para as provas de sábado, caso eu usasse os radio de comunicação entre piloto e Box (resposta do comissário responsável: tem equipe que não pode comprá-los). Agora perguntou: Eu só corro de pneus novos e tem equipes que não tem essa condição... Seria motivo para eu também ser desclassificado? Porque meu orçamento é maior, e isso me permite um maior investimento em equipamentos. O Rádio além de tudo é um equipamento que oferece segurança ao evento.

3 – Na prova de sábado os comissários e responsáveis nem sequer verificaram a posição dos últimos quatro carros, que segundo eles eram da categoria turismo 1600 (dois gol e dois fuscas), sendo esse o grid da categoria, que me consta e faz parte do regulamento que deveriam ter no mínimo seis carros, para que a largada da categoria pudesse ser dada.

Largamos a turismo 1600 junto com a categoria Fórmula Tubular Carburada. E após um toque com um tubular, o terminal de direção do meu carro quebrou e eu piloto do carro 343, abandonei a prova, ficando em um lugar fora da pista. Após o término da prova nenhum auxilio foi prestado, sendo que meu preparador teve que trocar a peça quebrada no meio do mato para podermos ir embora.

Jamais poderíamos ter largado atrás da categoria tubular, e se para validar essa prova seria necessário no mínimo seis carros da turismo 1600, o grid deveria ter sido completado com mais dois carros somente, mesmo que só para a largada, os mesmo podendo se retirar da competição após a primeira volta.

4 – Na prova de domingo a direção de prova queria que a turismo largasse conforme a tomada de tempo (que foi junto com a tubular), mesmo que um dos turismo largasse lado a lado com uma tubular. Em uma decisão consciente os pilotos da turismo 1600 (quatro novamente – dois gol e dois fuscas), decidiram largar do Box, após trinta segundos dada a largada da tubular carburado em ordem da tomada de tempo, achando loucura o proposto pela direção de prova. (em um acidente entre um tubular e um turismo, o prejuízo material e físico seria totalmente contra o piloto da tubular)

Porém alguns minutos antes dessa largada a pista foi totalmente molhada, chegando a formar poças em alguns trechos, situação a qual um carro de turismo não consegue andar na pista. Foi dada uma volta de reconhecimento da pista (acreditem sem quiser, uma volta). Eu parei no Box, deixando claro o perigo a qual estavam nos submetendo, e meu total descontentamento com a situação, porém não me escutaram.

A partir daí foi um festival de rodadas e batidas, e quando eu, liderava a prova (categoria turismo 1600), encostei em um tubular para não colidir com uma delas que atravessou a minha frente, acabei indo parar em uma poça de barro e fui atingido por uma quantidade absurda de barro no para brisa (que na categoria turismo existe para brisa). E o limpador do para brisa “travou” pela quantidade de barro que o atingiu, não conseguindo ter forças para fazer a sua função.

Acabei rodando, sem visão nenhuma e em um ponto de perigo, mas mesmo assim nenhuma atitude foi tomada (bandeira vermelha ou pace car), para retirada do meu carro do local. Tive que sair do carro, pegar água no esguicho do carro, molhar as luvas, abrir um espaço de visibilidade no para brisa, quase fui atropelado por um tubular para poder sair da situação de perigo.

Após meu retorno na prova, logo em seguida houve o reagrupamento dos carros (outra decisão equivocada tomada pelos dirigentes, pois só trouxe perigo e desencontros de objetivos em todas as provas realizadas dessa forma). Novamente o caminhão entrou para molhar a pista (acreditem se quiserem), nos poucos pontos que havia se formado os trilhos. (Está é de acabar: caminhão na contra mão do sentido da corrida).

Jamais a categoria turismo 1600 poderia ter largado junto com a tubular carburada em condições de pista tão adversas, pois os tubulares carburados não possuem para-barros ou pára-lamas. Largar 20 turismo1600 em uma pista molhada é bem diferente de largar 02 gols no meio de 15 tubulares.

Senhores, como eu e minha equipe não concordamos com tais situações e divergimos totalmente dos dirigentes responsáveis por esse evento, é com muita decepção e frustração que decidimos abandonar o Campeonato Brasileiro de Velocidade na Terra de 2009, por entender que tal investimento da nossa equipe não condiz com a péssima condição apresentada pelos representantes desse esporte até o momento.

A minha equipe, Christiano Bornemann piloto, (campeão Paranaense 1994 – 2006 – 2008 e Brasileiro 2008), Nivaldo Ávila, preparador (33 anos de automobilismo, com mais de 15 títulos), José Bornemann chefe da equipe (30 anos de automobilismo – 07 títulos como piloto – 01 titulo como chefe de equipe), não podemos ser coniventes com tais absurdos relatados aqui, e não será um simples troféu ou conquista que nos fará passar por cima de todos esses erros e ficarmos esperando coisas piores acontecer.

Brigamos por um automobilismo amador, mas que tenha o pensamente grande, de verdadeiros profissionais. Mesmo que às vezes não nos dêem esse valor. Em diversas ocasiões não somos reconhecidos. Mas vamos continuar lutando por algo melhor, com dirigentes competentes e dispostos a ouvir os verdadeiros donos do espetáculo na pista.

Não sai da minha cidade em Curitiba, viajei mais de dois mil quilômetros, não deixei meu trabalho, minha empresa, meus compromissos, minha família, durante esses dias para passar por todas essas situações de desrespeito e autoritarismo inconseqüentes de alguns dirigentes que acham que sabem o que estão fazendo, sem nunca ter acelerado com amor e respeito ao automobilismo.


Lamentando os fatos, me despeço.

Christiano Bornemann
Carro 343 turismo 1600
Filiado a Federação Paranaense de Automobilismo
41 – 9971 - 7010

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